Entrar no meio digital já era uma necessidade para a sobrevivência das empresas, mas algo que acontecia gradativamente ganhou urgência com a pandemia. Foi preciso acelerar o processo de digitalização e, nesse caso, quem já tinha o olhar para o futuro conseguiu se adaptar mais fácil e conseguir os melhores resultados. Se a tecnologia já era ferramenta aliada para se manter competitivo no mercado, com um cenário de incertezas como o que o mundo tem vivido desde o início de 2020 passou a ser elemento vital para os negócios.
A transformação digital e sua influência dentro da cultura organizacional precisaram ser “atropelados” em alguns setores, fazendo com que processos que poderiam levar anos para se estabelecer se desenvolvessem em poucos meses. Um desses conceitos perceptíveis é o anywhere office, ou “trabalho em qualquer lugar” traduzido literalmente. A ideia vai além do home office em si por representar a liberdade geográfica proporcionada: o lugar em que se mora deixa de ser uma condição para ser contratado, já que dependendo da área de atuação é possível cumprir o expediente remotamente, apenas com uma conexão à internet.
A consciência digital da Indústria 4.0
Também denominada Quarta Revolução Industrial, o conceito de Indústria 4.0 engloba automação e tecnologia da informação, além das principais inovações tecnológicas desses campos: robótica, sistemas de automação, soluções ciber-físicas, internet das coisas e computação em nuvem com foco na melhoria da produtividade e eficiência dos processos. De acordo com a análise Indústria 4.0: Modo COVID-19 publicada em dezembro de 2020 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o SOSA, empresa global de inovação aberta, as empresas que priorizam tecnologias como inteligência artificial e sistemas de automação podem se adaptar melhor e, ao mesmo tempo, aumentar sua produtividade e lucratividade ao longo do tempo, mesmo com alterações tão drásticas na força de trabalho.
Um alicerce forte para a tecnologia vigorar
Essa alta demanda por soluções em tecnologia colocou em pauta a necessidade da priorização da digitalização no longo prazo. Empresas que negligenciaram ou que tiveram dificuldades em acompanhar o ritmo de inovação ao seu redor estão sentindo com muito mais força as consequências de ter “ficado para trás” na corrida. Ainda assim, mesmo para gestores que já possuem essa consciência digital não deixa de ser um desafio implementar uma cultura de transformação digital na empresa, já que diversas variáveis precisam ser ponderadas: infraestrutura moderna, internet de alta velocidade, investimento em pesquisa, acesso a fontes de financiamento, legislação atrativa ao empreendedor, entre outras tantas.
Tecnologia presente em todos os setores
A consolidação de vendas na internet, gastos com delivery com aumento de mais de 94%, shows virtuais com vendas de ingressos e uma remodelação revolucionária na maneira como vivemos, comemos, nos divertimos e trabalhamos. O cenário repentino criado pela pandemia fez com que o avanço dos conceitos da transformação digital fosse sentido com muito mais força pelos consumidores. Somente em 2020 foram registrados 2,6 milhões de novos MEI (Microempreendedor Individual)! Em um mercado extremamente competitivo, já não basta “só” preocupar-se com a experiência do cliente ou a qualidade do produto e/ou serviço oferecido. O momento atual demanda a necessidade de enxergar oportunidades de inserir tecnologia mesmo nos negócios mais arcaicos. São os dados que guiam o jogo empresarial e só quem tem essa consciência garante o próprio sucesso a partir de agora.
Os maiores benefícios da tecnologia nesse período
Embora os millennials já estivessem acostumados com uma rotina digital, boa parte das pessoas teve o primeiro contato com soluções do tipo por um impulso da pandemia. Alguns conceitos foram alterados em todo o mundo e podemos perceber com mais ênfase em:
- Contactless economy
Com o crescimento das vendas online e os aplicativos de pagamento à distância, cada vez mais o dinheiro físico vai ficando menos frequente em nosso dia a dia. Com a criação do pix no fim do ano passado, a população brasileira ganhou um novo estímulo para transações bancárias online, feitas instantaneamente. São as formas de pagamento e movimentações financeiras que o mercado conhece como contactless economy (economia sem contato, em tradução livre). A experiência de compra torna-se cada vez mais digital, tudo pelo celular.
- Comunicação à distância
Com boa parte das empresas trabalhando remotamente, foi preciso encontrar maneiras de se comunicar à distância para manter a rotina. Só o Zoom, software norte-americano de videoconferência, registrou crescimento de 19 vezes durante a pandemia, alcançando a marca de 200 milhões de usuários diários. Outro aplicativo já mais conhecido dos brasileiros é o WhatsApp, relatando aumento de 40% em seu uso desde março de 2020. Mensageiros instantâneos passaram a ser estratégia no relacionamento com o cliente e entre equipes.
- Aumento da produtividade
Ferramentas individuais ou colaborativas existem em diversos formatos, preços e perfis de públicos. Para quem preza pelo contato próximo e intuitividade, Microsoft Teams e G-Suite atendem bem à proposta, já para quem prefere algo para monitorar as próprias demandas e organizar a rotina diária, opções como ToDoList, Asana e Trello ajudam bem. Quem gosta de algo bastante personalizado tende a preferir Notion ou Evernote. Seja qual for a escolha, são bastante atrativos para a produtividade em equipe e incentivam o atingimento de metas.
- Transformação digital na logística
O transporte internacional de cargas interrompido por conta do fechamento das fronteiras e o crescimento vertiginoso das vendas online foram só alguns dos fatores que aceleraram a maneira como a logística se comporta mundialmente. Soluções como descentralização dos centros produtores, maior integração entre empresas e fornecedores e compartilhamento de centros de distribuição tendem a se tornar mais frequentes. Novos modais, como os drones, devem se tornar comuns nos próximos anos em resposta às demandas recentes do varejo.
- Telemedicina e as perspectivas na saúde
Já faz mais de um ano que a telemedicina foi aprovada no Brasil pelo Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina (CFM), Agência Nacional de Saúde (ANS) e pelo Senado em apoio ao combate do coronavírus. Desde então médicos e pacientes encontraram uma nova maneira de se relacionarem. Não são todos os diagnósticos que demandam consulta ou exames presenciais, portanto, essa tecnologia permite maior agilidade na entrega de laudos.