O modo que a sociedade vive sua rotina hoje em dia é tão distante da maneira que vivia no final do século passado que é como se milênios separassem esse curto espaço de tempo. A era da informação e os avanços tecnológicos vieram a passos tão largos que é impossível pensar em algum setor que não esteja intrinsecamente ligado ao digital: vida profissional e pessoal, movimentações bancárias, entretenimento, até mesmo dispositivos inteligentes (os famosos wearables) e a nossa própria casa passam a demandar uma conexão rápida. É a Internet das Coisas (Internet of Things, ou IoT) que tem simplificado a vida tornando tudo conectado. E, como era esperado, as empresas também embarcaram nessa transformação.
Com isso surgiu o conceito de Data Driven Company – ou empresas guiadas por dados. Nessas companhias toda a estratégia se desenvolve por meio de uma combinação bem pensada entre automação e inteligência artificial, com o desafio de alcançar resultados cada vez mais rápidos e mais precisos. É só mais uma das diversas inovações das chamadas tecnologias disruptivas, um termo que descreve produtos ou serviços tecnológicos cujas características provocam uma ruptura com os padrões, modelos ou tecnologias prévias já estabelecidas no mercado. Para dirigir uma empresa baseando-se exclusivamente em dados, é preciso coletar informações na experiência do usuário, valorizando cada dado.
Menos insights, mais análises
Já se foi o tempo onde as decisões estratégicas se baseavam no feeling de um bom gestor: hoje a evolução dos processos e sua capacidade de identificação de problemas e previsão de oportunidades ocorre de maneira muito mais assertiva, levando em consideração fatores como os KPIs (do inglês Key Performance Indicator), indicadores-chave de desempenho. São esses números que definem, além da performance, qualidade, capacidade e resultados conquistados com os planejamentos estratégicos, representando uma base fundamental para gestores e donos de empresas acompanharem o fluxo de crescimento no dia a dia.
Embora esses dados sejam coletados de maneira automatizada, é preciso um analista de dados para encontrar a correlação entre diferentes tipos, levando um olhar amplo que contemple toda a infraestrutura da empresa. Geralmente um único dado não diz muita coisa e nem parece direcionar à uma decisão, mas uma análise bem feita pode encontrar oportunidades em números que, sozinhos, pareçam irrelevantes até serem unidos ao todo. Não é que a intuição ou o conhecimento empírico percam seu valor nesse novo cenário, é que agora há uma maneira assertiva de comprová-los: guiando-se pelo uso de dados.
Falhar no projeto, acertar no lançamento
Lançar um produto ou serviço no século passado era um risco enorme para as empresas. O cenário de incertezas envolvia tantas variáveis difíceis de mensurar que praticamente qualquer novidade precisava ser colocada à prova na prática: receptividade do público, dificuldade no uso, resolução de problemas, entre outros tantos fatores possíveis. Hoje em dia as empresas que se guiam por dados possuem a autonomia de testar tudo antes mesmo do lançamento e, caso haja uma falha durante o projeto, mudam-se os rumos pelo que é mais buscado no mercado. Nesse caso, o erro não custa mais alguns milhões de dólares como antigamente, apenas uma alteração no percurso e um pouco mais de tempo.
Obviamente, aplicar o conceito de Data Driven em uma empresa tem um investimento inicial elevado, mas as vantagens a longo prazo são tão positivas que seu retorno é perceptível até mesmo em áreas que estão distantes do lucro líquido em si. Uma análise sistemática dos dados permite que o gestor tenha uma consciência aprofundada de toda a empresa. E, em um cenário extremamente competitivo e digital como o que vivemos, não há espaço para achismos, suposições ou testes na prática: o próximo passo precisa ser completamente planejado, previsto e acertado em toda a sua extensão. Humanos não conseguem sozinhos.
Tendência e previsão: um olhar do futuro
Se a previsão do tempo é algo bastante suscetível a falhas por sua característica natural, as análises de tendências “descobertas” pelo uso de dados e processamentos de informações costumam não apresentar erros. Utilizando tecnologias em inteligência artificial, aprendizado de máquina, análise computacional de Big Data (grande volumes de dados, como os que movimentam as redes sociais, por exemplo), é possível extrair conhecimento e solução de problemas de todos os dados, quer sejam estruturados ou não. Tomar uma decisão rumo ao futuro até pode continuar difícil, mas com certeza não é mais rodeado por incertezas.
A coleta desse universo gigantesco de dados digitais gera informações valiosíssimas quando bem interpretadas, representando o fator-chave entre empresas que continuarão em ascensão e as que irão sucumbir ao fracasso ao longo do tempo. É assim que as marcas estão desenvolvendo sua inteligência corporativa, com soluções movidas por algoritmos, cujos dados se transformam em respostas rumo ao sucesso. Prever o futuro, enxergar tendências e criar vantagens competitivas são a essência do dia a dia das Data Driven Company, com uma gestão científica, baseada em informações e sistemas analíticos.
Retorno que exige mudança de comportamento
Não é só o planejamento estratégico a longo prazo o grande beneficiado com a inclusão do conceito de Data Driven, mas também o próprio crescimento anual das empresas é um forte indicador de como sua aplicação traz retorno. A Forrester, uma empresa norte-americana de pesquisa de mercado que presta assessoria sobre o impacto existente e potencial da tecnologia para seus clientes e o público, divulgou em 2018 o relatório Insights-Driven Businesses Set The Pace For Global Growth (“Empresas baseadas em insights definem o ritmo para o crescimento global”, sem versão em português), onde define que as empresas Data Driven crescem mais de 30% ao ano!
Ainda assim, a implementação de softwares é apenas parte da solução: as máquinas até fazem o trabalho de análise e processamento de dados, mas é a inteligência humana que se dedica à criação de estratégias, interpretando corretamente as informações recebidas. Os dados não falam por si só e por isso o retorno exige uma mudança de comportamento dos colaboradores envolvidos em todas as etapas que levam um projeto a seu andamento. Assim, quanto mais ferramentas forem disponibilizadas e quão melhor forem organizadas as informações, mais eficiente e eficaz será o trabalho humano, além de mais motivado a esse direcionamento tecnológico, partindo de um conceito muito discutido por empreendedores: a importância da cultura organizacional. Você está preparado para a cultura Data Driven?